Escolher séries nas plataformas digitais, ouvir música pelos apps mais conhecidos ou começar uma amizade nova numa rede social podem ter uma coisa em comum: A Inteligência Artificial. Mas qual o seu impacto no R&S das empresas e qual a relação entre inteligência artificial e viés?
Vivemos em um mundo cada vez mais tecnológico e às vezes não fazemos ideia de que a I.A é uma constante nas nossas vidas. É ela que ajuda a gente a escolher determinado conteúdo na Netflix, no Disney + ou na Amazon Prime.
Também é ela que sugere aquela pizza quentinha, ou um hambúrguer, na noite de sábado pelos aplicativos de delivery. Tudo variando de acordo com as suas preferências e o seu histórico de pedidos.
E o que acontece quando essas sugestões acabam não sendo a melhor opção? Bom, no pior dos cenários, o restaurante é riscado da sua lista de próximos pedidos, a série é riscada da sua lista de coisas para assistir e assim consecutivamente. Afinal, essas são decisões de baixo impacto e que não interferem na vida das pessoas.
Mas e na hora de contratar pessoas. A inteligência artificial ocupa essa mesma posição de “inofensiva”?
O caso da Amazon e um dos vieses da I.A.
A Amazon, gigante da tecnologia, desenvolveu, em 2014, uma tecnologia que prometia revolucionar os processos seletivos para as pessoas desenvolvedoras da companhia.
A ideia, segundo matéria da Reuters, era que a tecnologia fosse capaz de entregar as pessoas que seriam contratadas. Ou seja, dentre todas as aplicações de uma vaga, sua inteligência artificial iria varrer as informações, cruzar os dados e indicar a pessoa ou as pessoas mais indicadas para as posições em aberto.
Já em 2015, um ano depois, a empresa percebeu que sua inteligência artificial não estava avaliando as pessoas apenas por suas competências. O gênero delas passou a ser um diferencial. A tecnologia começou a excluir candidatas mulheres.
Ou seja, a I.A. da Amazon aprendeu, analisando as candidaturas, que candidatos homens eram preferíveis. O que resultou na exclusão das candidaturas que continham a palavra mulher e termos femininos, como: capitã do clube de xadrez.
Além disso, ela também passou a excluir todas as candidatas de duas universidades específicas que possuem uma particularidade em comum: são universidades exclusivas para mulheres (os nomes das universidades não foram divulgados pela Amazon).
E, na época, o caminho adotado foi lógico: a ferramenta, que já havia sido desenvolvida para não considerar o gênero das pessoas, foi reparametrizada para considerar palavras tanto no masculino quanto no feminino como neutras.
Depois de muito esforço e a criação de mais de 500 perfis de colaboradores aderentes à companhia para as posições relacionadas a tecnologia, o time envolvido estava convencido: a ferramenta estava pronta para analisar as pessoas apenas por suas competências.
Mas a realidade se provou diferente. Em vez disso, a tecnologia aprendeu a identificar verbos que eram utilizados com mais frequência em currículos de homens, como “executado” e “capturado” (executed e captured, no inglês), voltando ao viés masculino e feminino, mesmo sem fazer considerações de gênero.
Ou seja, a tecnologia encontrou maneiras de driblar a neutralidade dos gêneros e dos termos, usando termos de denominação neutra, mas que apareciam com maior volume em currículos masculinos ou femininos, dependendo do termo.
Mesmo sendo ensinada a não considerar o gênero, a I.A. da Amazon encontrou outras maneiras de manter o viés e barrar candidaturas femininas.
Como resultado, o projeto foi descontinuado.
A I.A. é a solução?
Bom, não é mais possível imaginar uma vida sem a tecnologia que temos hoje. E também é impossível afirmar que a inteligência artificial é perfeita e as recomendações que não gostamos em diversas categorias de entretenimento estão aí para provar.
Mas na hora de contratar pessoas, o impacto da I.A. deve ser levado em consideração. Não só as empresas podem estar deixando de acelerar seu crescimento ao não contratar as melhores pessoas para a posição, como as pessoas podem não estar sendo avaliadas de maneira justa e transparente.
E descobrir, tempos depois, que a inteligência artificial utilizada deixou pessoas de fora da sua empresa por causa dos vieses adquiridos por ela, faz com que essas pessoas não possam demonstrar, de fato, todo o seu potencial durante o processo seletivo.
Ou seja, assim como no caso da Amazon, milhares de pessoas que poderiam contribuir de diversas maneiras para o crescimento da empresa são desconsideradas por causa dos vieses. Mesmo quando não deveria haver viés algum.
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